Carlos Fernandes Parracho

Carlos Fernandes Parracho, de alcunha Marcela, filho de António Fernando Parracho e de Rita de Jesus, nasceu em Ílhavo, a 11 de Dezembro de 1904. Do casamento com Silvina da Rocha Bilelo, em 1924, nasceram três rapazes e duas raparigas. Aníbal Rocha, António Manuel e Carlos Alberto foram também oficiais da Marinha Mercante. Carlos Parracho, sempre andou no bacalhau, onde se iniciou com doze anos, seguindo o percurso dos «meninos» do seu tempo. Desde que existem informações credíveis, o seu nome aparece como piloto do lugre-motor Trombetas, nas campanhas de 1936 a 1939. Carlos Parracho estreou-se como capitão em 1940, do lugre de madeira Leopoldina, onde perfez três anos de mar – de 1940 a 1943. Continuando pela Figueira da Foz, o Capitão Marcela, como era mais conhecido, passou para o comando do lugre de madeira, Luzitânia III, de 1942 a 1945. De 1946 e até 49, comandou o navio Bissaya Barreto. Na safra de 1950, o «nosso capitão» comandou o navio-motor, de madeira, Cova da Iria, ano em que naufragou, com água aberta. O mar, dominando o navio, galgava-o já por todos os lados, impossibilitando o comandante de sair da ponte. Então o Capitão Marcela, sobre a ponte de comando ao ver-se sem bote, não hesitou e lançou-se à água, tendo sido salvo por alguns homens dos botes, quando as forças já lhe faltavam. Mas, não parou. Na safra de 1951, seguiu no Groenlândia, até 1954, tendo-se transferido, em 1955, para o navio-motor de madeira, Paraíso e em 1956, para o Rio Antuã. Na safra de 1957, neste navio, foi seu piloto, o filho mais velho, Aníbal Carlos da Rocha Parracho. Durante mais 3 anos, de 1958 a 60, pai e filho ocuparam os dois lugares de topo, no navio Rio Antuã. E, na campanha de 1961, mais uma «emposta», já quase com sessenta anos, desta vez, para o lugre-motor Adélia Maria. Aí fez cinco viagens, até 1965, tendo sido seu imediato, sempre, o seu filho, António Manuel da Rocha Fernandes Parracho, já falecido. Na última viagem, de 65, maleitas do coração atormentaram-no e, por ordem do médico do Gil Eannes, esteve mais «recolhido», ficando o filho mais à frente das preocupações do navio e da pesca. E assim deixou definitivamente o mar, após uma longa carreira, tendo-se aposentado em Janeiro de 1972. Mesmo com problemas cardíacos, ainda viveu bastantes anos, saboreando uma merecida aposentação. Frequentava assiduamente o Sindicato dos Oficiais, onde, com diversos colegas e amigos, jogava cartas e conversava sobre a evolução da vida do mar. «Partiu», descansado, e com o sentimento do dever cumprido, em 23 de Janeiro de 1993, com 89 anos.
(Texto de Dr.ª Ana Maria Lopes)