Manuel Cecilio do Bem

Manuel Cecílio do Bem, de alcunha Paulo, filho de José Paulo do Bem e de Maria de Jesus Calçôa, nasceu em Ílhavo, em 27 de Maio de 1921. Portador da cédula marítima nº 22601, passada pela Capitania do Porto de Aveiro, em 7 de Março de 1939, terá ainda jovem, sido levado para o mar, por algum amigo ou familiar, como moço de câmara. Do casamento com Silvina Marques da Silva, em Novembro de 1952, nasceram a Silvina Paula e António Augusto Marques do Bem, também marítimo. Segundo os registos do Grémio, Manuel Paulo, terá feito o seu baptismo de mar como moço, no navio-motor de ferro, “Santa Maria Madalena”, nas safras de 1939 e 40. Continuou no mesmo navio, tendo passado a ajudante de cozinheiro. Surge-nos, ainda como ajudante de cozinheiro, nas campanhas de 1946 e 47, no lugre “Ilhavense Segundo”. E na safra de 1948, o “Paulo” deu o salto para o convés do “Viriato”, aonde regressaria por muito mais tempo. Depois de uma passagem na safra de 1949, pelo icónico “Gazela Primeiro”, assentou arraiais no “Viriato”, durante mais oito viagens, até 1957, tendo alcançado o posto de cozinheiro no ano de 1951. Vida dura que foi melhorando com a maior capacidade e condições dos navios. O Paulo do Bem, desde o “Santa Maria Madalena”, em 1939, passando pelos já citados navios, também cozinhou, para as companhas dos navios-motor “Novos Mares”, entre 1958 e 1961, e “S. Jacinto”, entre 1962 e 64 e do arrastão “João Ferreira”, em 1965 e 66. O Manuel Paulo também teve a sua passagem pelo comércio. Entre fins de 1943 e princípios de 1946, fez algumas viagens para o Brasil, no paquete pertencente à Companhia Colonial de Navegação, “Serpa Pinto”, que ficou conhecido pelo navio da Amizade. Já após a carreira do bacalhau, por 1967, fez algumas viagens de cabotagem, no navio “Alger”, em que naufragou por encalhe, em 29 de Junho de 1969. Em 1971, tirou o curso de cozinheiro no Alfeite, para poder embarcar, então, na Marinha Mercante, tendo sido cozinheiro no “novo Serpa Pinto”, da Companhia Insulana de Navegação, bem como no “Funchalense” e “Madeirense”. Deixou o mar por volta de 1980. Depois de um AVC de que recuperou bem, ainda passou uns aninhos pela vizinhança, entre umas saídas com amigos, por casa e “dando uma mãozinha” nas lides culinárias. Deixou-nos em 16 de Fevereiro de 2000, com 78 anos.
(Texto de Dr.ª Ana Maria Lopes)