Francisco da Silva Paião

O grande Capitão Francisco da Silva Paião, conhecido por Capitão Almeida, nasceu em Ílhavo em 26 de Janeiro de 1903, filho de Adolfo Simões Paião e de Maria da Glória de Jesus. Filho de capitão, teve alguns irmãos, notáveis oficiais da Marinha Mercante.
Do casamento com Berta Pereira Teles, em Dezembro de 1927, nasceram dois filhos e uma filha, tendo sido os rapazes, Francisco e Carlos Manuel, também «mestres do mesmo ofício». A família Paião, uma família ilhavense ligada umbilicalmente ao mar.
Enquanto praticante, rapazinho de 15 anos, foi bombardeado por um submarino, na 1ª Grande Guerra Mundial, a bordo do lugre Atlântico, comandado por seu pai, a 30 de Setembro de 1918. Entre estes dois anos, terá feito algumas viagens como piloto no comércio, nos vapores Mourão, Maria Amélia e no iate Tricana, do Porto.
Fez uma viagem, como piloto, em 1921, no lugre Venturoso, de 4 mastros, da praça do Porto.
Iniciou a actividade da pesca do bacalhau como piloto do lugre Lusitânia (Figueira da Foz) no ano de 1922, actividade que exerceu até 1926. Em 1927 e 28, passou ao cargo de piloto do lugre Leopoldina, também da praça da Figueira.
Depois da viagem de 1929, a bordo do Ave, do Porto, transitou em 1930, para o histórico lugre-patacho Gazela Primeiro, onde fez uma viagem como primeiro piloto, seguida de outra, em 1931, no Neptuno II.
Intervalou a sua entrada na Parceria Geral de Pescarias, no Barreiro/Lisboa, com uma viagem de 2º piloto no vapor Maria Amélia.
Retomou a Parceria, e, desta vez, definitivamente, como capitão do Argus velho, de 1933 a 1936. O Cap. Almeida retomou o lugre-patacho Gazela, ao tempo, como capitão, entre 1937 e 1940. Seguiu-se o comando do malfadado lugre Hortense, entre 1941 e 43, tendo, posteriormente, dirigido o famoso lugre Creoula, de 1944 a 1957.
Concluiu a sua carreira como capitão do afamado Argus, entre 1958 e 68. Deu baixa à Caixa da Marinha Mercante, após a viagem de 1968, com 65 anos de idade.
Ainda deixou alguns relatos de viagem, cerca de uma vintena, que chegaram a ser publicados no jornal O Ilhavense, durante os anos 80.
Quem não se lembra da sua figura generosa, simpática, nos últimos anos, vergada pela dureza da vida – 53 anos de mar!...
(Texto de Dr.ª Ana Maria Lopes)