Joao Fernandes Matias

João Fernandes Matias, conhecido por João do Creoula, por ter havido, em Ílhavo, mais capitães com o mesmo nome e, porque o Creoula foi o navio em que mais tempo navegou. Nasceu em Ílhavo, no primeiro de Dezembro de 1925, filho de Manuel dos Santos Matias e de Felicidade dos Santos Matias, na Rua da Fontoura. Depois do casamento com Deolinda Pereira Senos, de quem teve dois filhos – o Manuel João e a Teresa do Rosário – construiu casa na Avenida Mário Sacramento, nº 125, que passou a habitar. Mais um ílhavo a enveredar pela pesca do bacalhau, tendo, praticamente, sempre servido a Parceria Geral de Pescarias. João Matias fora o piloto, em estreia de vida profissional, do navio-motor, de três mastros, Lutador, na campanha de 1946. Na de 1947, foi de imediato no lugre com motor Júlia IV, da praça da Figueira da Foz, por onde tantos oficiais de Ílhavo passaram… Deu o salto para capitão, entre 1952 e 1957, do mais que célebre lugre- patacho Gazela Primeiro, que ainda vai velejando lá pelos Estados Unidos. Como capitão, arribou de seguida ao lugre com motor, de ferro, Creoula, hoje o conhecido NTM, pertença do Ministério da Defesa, com o mesmo nome. Comandou-o entre os anos de 1958 e 68, perfazendo o belo número de 11 safras.
E com o ano de 1969, chegou o tempo de mudança para o navio Neptuno, também pertencente à Parceria, que comandou até 1973. Depois do bacalhau, o «nosso» capitão embarcou em navios do comércio da empresa Econave, em viagens entre Portugal, Norte da Europa e Mediterrâneo. No último percurso a pé, já reformado, entre o Jardim, onde, convivia com amigos e a sua casa na Avenida Mário Sacramento, foi atropelado, acidente do qual resultou a sua morte, pouco tempo mais tarde, a 28 de Junho de 2006, com 81 anos. Pessoa reservada, mas dotado de uma inteligência invulgar, com uma memória notável, qualidades que só eram conhecidas por quem convivesse com ele, de perto – assim o recordou um amigo.
(Texto de Dr.ª Ana Maria Lopes)