Manuel de Oliveira Vidal Junior

Manuel de Oliveira Vidal Júnior, filho de Manuel de Oliveira Vidal e de Rosa Chuva Deus de Oliveira, nasceu em Ílhavo, a 19 de Novembro de 1921, um de cinco irmãos. Oriundo de família humilde e de parcos recursos viu-se obrigado a frequentar o seminário, com 10 anos, onde não quis continuar tendo saído, passados dois. Via comercial, cumpriu os estudos com facilidade, cavalgando alguns anos, sempre em regime de trabalho e estudo, aceitando que pessoa da sua intimidade lhe tivesse pago o curso da Escola Náutica. Mais tarde, já com possibilidades, e num acto solidário, lembrando-se das dificuldades por que passara, fez o mesmo a outros ílhavos necessitados. Do casamento em 1947 com Maria Vitória Namorado Ferreira, nasceram o Vítor Manuel e a Maria Vitória Namorado de Oliveira Vidal. Além de ter subido na vida, a pulso, por mérito próprio e muito trabalho, dedicou a sua vida ao mar, nunca perdeu nenhum homem nem «sujou» a cédula de ninguém. Começando na pesca do bacalhau, em plena 2ª Grande ainda apanhou duas campanhas de viagens «em comboios», ao ter embarcado, como piloto, pela primeira vez, no lugre “Neptuno II”, na campanha de 1944. O dueto da oficialidade no lugre-motor “Maria Frederico”, nas campanhas de 1944 a 46, manteve-se: piloto/imediato, Manuel Vidal, sob o comando de Mário Paulo do Bem. Mas, na safra seguinte, a de 1947, Manuel Vidal ascendeu ao lugar de capitão do “Maria Frederico”, cargo que exerceu, até 1952 (6 viagens), até ao seu naufrágio. Ritmo de viagem e de pesca sempre intenso. Entre comandos, o «nosso capitão» fez a viagem de 1953, de imediato, no “Senhora do Mar”, navio-motor, de aço. E chegou o ano do “Maria das Flores”, em 1946, em que o Capitão Vidal tomou posse do comando em 1954. Também não teve um longo percurso, tendo naufragado em Setembro de 1958. Em 1959, «o nosso capitão» passou a comandar o navio-motor, de ferro, “Senhora da Boa Viagem”, construído em 1956. Fora «o seu navio», entre 1959 e 1984 (inclusive), durante vinte e seis anos. Após a campanha de 1970, o “Senhora da Boa Viagem” foi transformado para o sistema de redes de emalhar com lanchas, em cuja mudança, o capitão teve um papel fundamental. Pessoa que procurou ter uma intervenção cívica, foi sócio do Sindicato Nacional dos Capitães, Oficiais Náuticos e Comissários da Marinha Mercante, tendo tido um papel fundamental na fundação do Sindicato dos Oficiais em Ílhavo, no edifício do Illiabum Clube, 2º andar, à Rua Arcebispo Pereira Bilhano, em 1951, a que se manteve sempre ligado. Reformou-se em 1984. Fumador inveterado, na vida de mar, nunca conseguiu deixar tal vício, que lhe passou a atacar fortemente os pulmões. Depois de uma cirurgia pulmonar em 1988 e de um novo internamento em Coimbra, veio transferido para o Hospital de Ílhavo na véspera da sua morte, depois de ter manifestado vontade de vir morrer à sua terra. Excelente pessoa, assim nos «deixou» no primeiro de Dezembro desse mesmo ano, com 67 anos.
(Texto de Dr.ª Ana Maria Lopes)