António Jorge Maia Godinho Marques

Nasceu em Coimbra a 05-01-1938, na Freguesia da Sé, mesmo em frente aos Arcos do Jardim Botânico. Costumava passar férias na casa de família em Cabanões, Ovar, onde a sua veia musical desabrochava, tocando nas Trupes de Reis. Ainda muito novo, começa por ter lições com um barbeiro-guitarrista, Flávio Rodrigues, na Rua da Matemática, em Coimbra. A guitarra portuguesa (Coimbrã), instrumento de difícil aprendizagem, era a sua amante e tinha Carlos Paredes como seu grande ídolo. Apenas com 16 anos de idade, começa a fazer as primeiras serenatas, integrado num grupo que acompanha Zeca Afonso. A primeira vez que pisa um palco, acontece em 30-04-1954, na F.N.A.T., numa Festa de Finalistas da Escola Brotero e logo a seguir no Sarau dos Finalistas do Liceu. Frequentando o Liceu D. João III em Coimbra, aqui convive com os maiores nomes do fado dessa altura, participando em vários espectáculos musicais académicos, com outros estudantes já universitários. Entra para a Faculdade de Letras em 1959 e conclui o Curso de História em 1964. Como era seu desejo, frequentava, voluntariamente, o 4º Ano de Direito. Em 1955, Jorge Godinho integra o grupo de António Portugal, mostrando já uma enorme desenvoltura e beleza, no dedilhar da guitarra de Coimbra, como comprova a sua execução de “Variações em Lá Menor”, de Jorge Morais. No ano seguinte, com António Portugal, Manuel Pepe e Levy Baptista, surge o seu 1º EP intitulado “Fados de Coimbra”, para a voz de Zeca Afonso e em 1957, um grande êxito de vendas, com a saída dum disco de 33 R.P.M. do Quinteto de Coimbra, gravado em Madrid e com quinze edições de capa diferente. Neste ano, integra a Primeira Serenata de Coimbra transmitida em directo pela R.T.P., com Manuel Pepe, António Portugal, Levy Baptista e Luiz Goes, participando, também, numa gravação para a T.V.E.. O ano de 1958 fica marcado pelas várias digressões efectuadas, bem como uma gravação para a televisão americana, no Mosteiro dos Jerónimos. No ano seguinte, passa a integrar o grupo de Jorge Tuna e participa, como violista, no 70º Aniversário da Tuna Académica. O ano de 1960 fica marcado pelas gravações de “Sé Velha, Guitarras de Coimbra” e “Coimbra Orfeon of Portugal” e pelas digressões aos Açores, Angola e Moçambique. Em 60-61 fez parte da Direcção da Tuna Académica e em 1962/1963 surgem novas digressões pelo Brasil, E.U.A., Suécia e Paris, sempre com inusitado êxito, que se repetiu em 1964 no Algarve e numa rápida gravação em Paris, para acompanhar Germano Rocha, valendo um destaque na Revista Paris-Match. Como professor no Liceu Nacional da Figueira da Foz, criou um grupo de fados, tendo em conta todo o seu amor pelo fado de Coimbra. Em 11-09-1965 contraiu matrimónio com Ana Maria Lopes, de quem teve dois filhos, Pedro Jorge e Paulo Miguel. Foi professor de História e Filosofia no Liceu Nacional de Aveiro, leccionando também Filosofia, no Instituto Comercial de Aveiro. Participou activamente nas comemorações do 25º Aniversário do Illiabum Clube, organizando a Exposição “Divulgação Filatélica e Numismática”. Vem a falecer muito jovem, com 34 anos de idade, em Julho de 1972, devido a uma doença irreversível. A guitarra Coimbrã, ainda hoje “chora” a perda prematura, deste relevante executante e professor, de qualidades pedagógicas e humanistas, ímpares para a época.