Francisco Correia Marques

Francisco Correia Marques nasceu em Ílhavo a 14 de Dezembro de 1930, sendo um dos filhos de uma prole de oito irmãos, dos quais três rapazes, todos oficiais da Marinha Mercante. Quer do lado materno, quer paterno, existia uma vasta tradição familiar de actividades ligadas ao mar.
Depois de completar o curso complementar dos liceus, em Aveiro, foi para Lisboa para frequentar o curso de pilotagem na Escola Náutica, que terminou em 1949.
Do casamento com Maria dos Prazeres Valente Labrincha, nasceram dois rapazes, o António Augusto e o Francisco, que tirou o curso de oficial da MM e uma rapariga, a Maria do Rosário.
Francisco Marques iniciou a pesca ao bacalhau, nas campanhas de 1949 (uma viagem) e de 1950 (duas viagens), como piloto do arrastão São Gonçalinho.
Nas safras de 1951 a 53, passou para a pesca à linha, como imediato do lugre-motor, de madeira, Adélia Maria. Na campanha de 1954, assumiu o comando desse lugre, onde se manteve sete anos, até 1960.
Francisco Marques, nas safras de 1961 e 62, transferiu-se para capitão do navio-motor, de aço, Capitão José Vilarinho.
Na campanha de 1963, nova «emposta» para Viana do Castelo, ao embarcar de imediato no São Ruy, navio-motor de aço, da Empresa de Pesca de Viana. No ano seguinte, 1964, assumiu o cargo de capitão.
Chegou a hora de mudar de vida e de terra e o Cap. Chico, de 1964 a 1972 e de 1974 a 1975, suspendeu a sua vida no mar e trabalhou na Parceria Geral de Pescarias, na Azinheira (Barreiro), como «capitão de terra».
Em 1973, voltou aos mares da Terra Nova e Groenlândia. Foi desafiado a exercer o cargo de capitão no Creoula, a última viagem do velho lugre-motor.
Com as mudanças inevitáveis dos processos de pesca, em 1976, passou a comandar o Neptuno, navio-motor de aço, no qual faria a sua última viagem, em 1986.
Tendo acabado a sua carreira profissional, voltou à terra natal, onde, fruto do seu saber e disponibilidade, começou a dar uma colaboração importante, sistemática e valiosa ao Museu Marítimo e Regional de Ílhavo.
De 1994 a 1999, na Associação dos Amigos do Museu, foi seu vice-presidente.
Desafiados pela editora Quetzal, assumimos a co-autoria, do livro Faina Maior – A Pesca do Bacalhau nos Mares da Terra Nova, publicado em 1996.
Entre Agosto e Setembro de 1998, foi Director de Treino de Mar na viagem do Creoula ao Canadá, integrada no projecto De Novo na Terra Nova.
O Cap. Chico Marques, entre finais de 1999 e 2002 assumiu a direcção executiva do Museu Marítimo de Ílhavo.
Por tudo quanto foi relembrado, foi-lhe atribuída, a medalha do Concelho, em ouro, em 16 de Abril de 2001.
Já bastante debilitado, proferiu a sua última palestra, em 18 de Março de 2006, da qual o Museu Marítimo de Ílhavo publicou a brochura Navegação dos Bacalhoeiros nos Mares da Terra Nova.
(Texto da Dr.ª Ana Maria Lopes)