Joao Fernandes Matias

O Capitão João Fernandes Matias, mais conhecido por João da Lúcia ou João da Madrinha, nascido em Ílhavo, em 16 de Abril de 1903, faleceu num acidente estúpido e fatal, ao atravessar a estrada 109, com 88 anos. Terá zarpado para o mar cedo, tendo começado a vida profissional como piloto no palhabote Nazaré, da praça de Aveiro, do comando de seu Pai. Nas safras de 1927 e 1930, foi piloto dos lugres Maria da Glória e Alcion, segundo informação do jornal Beira-Mar. Entre 1934 e 1941, ocupou o cargo de piloto no lugre Gaspar, pertencente à praça de Viana do Castelo. Em 1942 e 43, ocupou o lugar de piloto, no arrastão de pesca lateral, Álvaro Martins Homem, e entre 1944 e 45, o lugar de imediato no arrastão clássico, João Corte Real, pertencente à SNAB, gémeo do anterior. Chegou a campanha de 1946, em que foi imediato, do lugre-motor Primeiro Navegante. João Matias, como imediato deste navio, nesta safra, assistiu ao seu naufrágio, no paredão, porque tinha desembarcado em Leixões, enquanto o navio aliviava carga. Entretanto, nas campanhas de 1947 e 48, ascendeu a capitão do lugre Navegante II, da mesma empresa. Nos anos de 1949 a 51 (inclusive), comandou o grande Milena, lugre de madeira com motor, ícone da frota branca, mas difícil de se adaptar à faina dos bancos. Nas safras de 1952 e 53, comandou o navio-motor de aço, Conceição Vilarinho, na safra de 1954, embarcou de imediato no navio-motor de aço, Capitão José Vilarinho, e na de 1955, continuou como imediato no arrastão clássico António Pascoal. No ano de 1956, naufragou no lugre Novos Mares, enquanto capitão, tendo comandado entre 1957 e 1964, o navio -motor Lutador, em que também naufragara a 1 de Outubro de 1964, sem perda de vidas. Apesar do estado físico e emocional do «nosso» capitão já estar desgastado, ainda retomou o cargo de imediato no Sernache, na campanha de 1967 e no Luiza Ribau, lugre-motor de madeira, na campanha de 1972. E por aqui acabou o percurso de João Fernandes Matias, onde sofreu as agruras do mar, numa carreira muito diversificada.
(Texto da Dr.ª Ana Maria Lopes)