Joao da Cruz Senos

João da Cruz Senos, de alcunha Carriça, mais um homem de bordo ilhavense, filho de Joaquim André Senos (marinheiro falecido no afundamento do “Santa Irene”) e de Maria da Cruz Gomes, nasceu em 21 de Abril de 1921, em São Salvador, Ílhavo. Morava na Rua João de Deus, mais conhecida por Espinheiro. Casou em 24 de Novembro de 1946 com Maria Marques da Silva, costureira, de cuja união nasceram os filhos João José Senos e Benilde Senos. Era portador da cédula marítima nº23 115, passada pela Capitania do porto de Aveiro, em 16 de Dezembro de 1940. a bordo, Desde que há documentos credíveis, João Senos, nas safras de 1942 43, foi moço – difícil tarefa – pau para toda a obra, no lugre-motor de madeira “San Jacinto”, ex- “Encarnação”. Tendo dado provas de boa vontade e de cumprimento das suas tarefas, o moço João Senos, nas campanhas de 1944 e 45, no mesmo navio, passou a ajudante de cozinheiro, tendo lidado, durante estes quatro anos, com o capitão ilhavense António dos Santos Carrancho. Tendo deixado “a linha”, definitivamente, passou para o arrastão clássico “Santa Joana”, como ajudante de cozinheiro, nas campanhas de 1946 a 1948, num total de cinco viagens, com os capitães Francisco dos Santos Calão e José Pereira da Bela. E o tempo de cozinheiro chegou, cargo de grande responsabilidade. Do cozinheiro e seu ajudante, dependia todo o “combustível” da tripulação, trabalho nada fácil, exaustivo, preocupante, mas rotineiro. E Ílhavo também fora pródigo em fornecer bons cozinheiros para a pesca. Na segunda viagem do arrastão lateral “Santa Mafalda”, em 1948, estreara-se como cozinheiro, e por aí ficara até 1965 – no total, cerca de uma trintena de viagens. Conhecera os capitães, seus patrícios, António Trindade da Silva Paião, José de Oliveira Rocha e António Trindade Grilo Paião. Dera-se bem – conclui-se. O ano de 1966 tinha sido fatídico para o arrastão “Santa Mafalda e sua tripulação, devido a naufrágio na saída da barra de Lisboa Segundo informações do filho, depois deste acidente no “Santa Mafalda”, deixou o bacalhau, mas ainda andou uns aninhos no comércio, no navio/motor “Alcobaça”, conhecido por “barco das bananas” em viagens para a Madeira, entre outros. Mais tarde, já reformado, ali na ponte Juncal Ancho, teve um acidente, que esteve na origem do seu falecimento. Era mesmo um homem bom que emanava calma e tranquilidade infinitas. Deixou-nos, em 17 de Abril, com 65 anos de idade.
(Texto de Dr.ª Ana Maria Lopes)