Manuel Fernandes Pinto Junior

Manuel Fernandes Pinto Júnior, filho de Manuel Fernandes Pinto e de Diamantina de Jesus, nasceu em Ílhavo, em 20 de Janeiro de 1923. Casou com Maria Filomena Nunes, de quem teve descendência. O Manuel Pinto terá começado a sua carreira profissional na pesca do bacalhau com 16 anos, como moço do veleiro Santa Mafalda, tendo continuado nas campanhas de 1939 a 41, sob o comando do Capitão João dos Santos Laruncho. A vida de moço não era fácil. Na azáfama que era a vida do navio, o moço andava de pé todo o dia, qual equilibrista com o balanço que o mar lhe proporcionava. Era pau para toda a obra. Na campanha de 1942, passou a moço de arriar e na de 43, a pescador (2ª linha). Se a vida de moço não era fácil, a de pescador tinha as características perigosas, rudes e difíceis, quase sobre-humanas, que lhe são inerentes. E na hierarquia da organização da pesca, dentro da sua formação, o Manuel Pinto ia dando mostras de grande arrojo, sorte e sabedoria. Nas campanhas de 1944 a 47, foi sempre subindo na categoria de pescador – de 2ª linha, para 1ª linha, até especial, o topo… teria sido sempre um pescador cobiçado pelo capitão! Mudou de armador e de navio e aí se quedou até ao fim de vida profissional, em Testa & Cunhas. Entrou como pescador especial para o lugre-motor de madeira, de quatro mastros, Novos Mares, onde fez as campanhas de 1948 a 56. No ano de 1956, em 21 de Julho, o Novos Mares naufragou por incêndio, no Virgin Rocks. De 1957 a 1966, passou para o navio-motor, de madeira, São Jorge, como pescador, chegando a contramestre (1964 a 66). Em 1967, não pôde embarcar e foi transferido para o navio-motor Novos Mares, nas campanhas de 1968 a 74, com o cargo de contramestre. Revelou-se sempre grande trabalhador e fiel à empresa que durante anos e anos serviu. Continuou a fazê-lo, em trabalhos específicos de marinharia. Além disso, o Manuel Pinto deu uma grande ajuda na montagem da 1ª grande exposição Faina Maior, inaugurada, no nosso Museu, em 28 de Novembro de 1992. Da feitura das velas de botes, da impermeabilização das roupas de oleado com óleo de linhaça fervido, até trabalhos de marinharia de cabos e lonas, de tudo fez um pouco. Deixou-nos a 1 de Setembro de 2004, com 81 anos.
(Texto de Dr.ª Ana Maria Lopes)