João da Silva Vidal

João da Silva Vidal nasceu a 12 de Maio de 1920, filho de José Vidal e de Elvira da Silva. Gerado no seio de uma família de músicos, João Vidal começa, desde pequeno, a demonstrar uma rara habilidade para a Arte Divina, que é a Música. Aprende as primeiras notas com José Redondo, pai do padre Redondo e maestro da Música Nova e aos oito anos de idade, já toca, com desenvoltura, clarinete, instrumento que viria a dominar com inigualável mestria, ao longo da sua carreira musical. O professor Duarte Pinho, seu mestre da escola primária, pedia-lhe muitas vezes para ele tocar pequenos trechos musicais nas suas aulas, como o "Chula, Vareira, Chula", "Rapaz Aperta a Faixa" e "Oliveira da Serra", dada a facilidade e destreza com que ele as executava, para gaúdio dos seus colegas e satisfação do seu professor. No entanto, o clarinete não foi o único instrumento que dominou. Aos doze anos já conseguia, com brilhantismo, tocar esse sublime e difícil instrumento que dá pelo nome de violino, sendo seu mestre o ilhavense José Cardoso Pereira. Quem não se lembra das melodiosas valsas interpretadas ao violino por João Vidal? E dos estonteantes solos de clarinete tirados sem pauta nos afamados bailes da época? Durante a sua carreira, distinguiu-se em inúmeros concertos e récitas para piano e violino, assumindo sempre os primeiros instrumentos. Em muitos bailes João Vidal descia do palco com 4 ou 5 instrumentos à tiracolo e tocava-os, alternadamente, por entre os pares que dançavam no salão. Aos catorze anos já fazia parte da orquestra jazz Vista Alegre dirigida pelo seu pai, José Vidal e aos vinte anos assume a Direcção e Regência. Durante mais de 50 anos foi 1º clarinete da saudosa Banda da Fábrica da Vista Alegre, passando também, além de outras, pela Banda de Loureiro, Visconde de Salreu, Mirense, Eixo, Vaguense, Amizade e como não podia deixar de ser, Música Nova e Música Velha. Sempre duma forma generosa, João Vidal toma parte em concertos, récitas, cortejo de oferendas, música sacra, Reis Magos, marchas sanjoaninas, teatros, etc. Em 1935, como violinista, faz parte da orquestra da revista “A Nossa Escola”, sob a direcção de Berardo Pinto Camelo e também na orquestra das revistas aveirenses “Molho de Escabeche” e “Ao Cantar do Galo”. Foi director musical do “Girassol das Surpresas”, “Acontece Cada Uma” e “Gostos Não Se Discutem” levadas à cena em Ílhavo. Compôs algumas marchas de S. João, obtendo algumas delas o 1º prémio em Ílhavo e Gafanha da Nazaré (marcha do Bebedouro). João Vidal, além de um exímio executante, tinha um ouvido fabuloso, pelo que lhe bastava ler a pauta uma vez, para de seguida, desenrolar todas as notas de uma forma soberba, correcta e ritmada. Era, sem dúvida, um músico com grandes qualidades para poder singrar noutras paragens, mas o seu apego e amor a Ílhavo, não o deixaram receber outros merecidos prémios. Tudo o que fez pela música da sua terra, fê-lo com muito amor. A sua arte, a sua alma de grande executante, fizeram de João Vidal um dos maiores músicos de sempre da nossa terra e do nosso distrito. Era o Génio feito Arte na pessoa de um simples operário da Vista Alegre, que dedicou toda a sua vida à terra que o viu nascer.