António dos Santos

O Capitão António dos Santos nasceu em Ílhavo em 6 de Janeiro de 1897. Filho de Tomé dos Santos e de Josefa da Silva, casou com Ermínia Rocha, de quem teve os filhos – Maria Emília Rocha Santos e António Tomé Rocha Santos, também oficial da Marinha Mercante.
Teria ido cedo para o mar como muitos outros dos seus conterrâneos, pois esse mar corria-lhes nas veias.
Em 1928, foi piloto do lugre Vega, que fora o Altair e que viria a ser o lugre Vaz.
Em 1929 e 30, ascendeu ao cargo de capitão do lugre Ilhavense 2º.
Nos primeiros arquivos marítimos credíveis, surge António dos Santos, no comando do lugre-escuna Santa Regina, da praça do Porto, desde 1934 a 1937.
Nas safras de 1938 a 1941, continuou capitão, mas, agora do lugre-patacho, de madeira, Normandie, tendo naufragado no dia 7 de Setembro de 1941, com água aberta, tendo-se salvado toda a tripulação.
No ano seguinte, o de 1942, em tempos de guerra, aceitou exercer o cargo de piloto do lugre Maria da Glória. Afundado o navio em 5 de Junho de 1942, em viagem para os pesqueiros da Groenlândia, por um submarino alemão, constituiu uma das maiores tragédias que assolaram a nossa vila maruja. Dentre os 44 tripulantes, apenas se salvaram 8, em condições sobre-humanas. E António dos Santos foi um dos que escapou.
Não esmorecera e o apelo do mar e o sustento da família chamavam-no com ânimo.
O Cap. Santos, na campanha de 1943, tornara-se capitão do lugre de madeira Leopoldina, pertencente à praça da Figueira da Foz, tendo-o comandado até 1947, até lhe sentir o peso e o perigo do seu afundamento, com água aberta. Na campanha de 1948, fora transferido para capitão do lugre-motor Trombetas, da mesma empresa armadora.
Ainda com forças para arrostar as vagas alterosas e os nevoeiros macilentos, António dos Santos embarcou de capitão, na safra de 1949, no lugre de madeira Paços de Brandão, da praça do Porto.
Mais do que com razões para sentir na pele a dureza e a aspereza da vida de mar, o Capitão António dos Santos partiu cedo e repentinamente, com 56 anos, em 19 de Outubro de 1953, tendo estado a bandeira do Sindicato dos Oficiais, a meia-haste, durante três dias.
(Texto de Dr.ª Ana Maria Lopes)