D. José António Pereira Bilhano – Arcebispo

O Arcebispo de Évora, nasceu em Ílhavo no dia 22 de Março de 1801 e aqui faleceu na sua casa térrea da Rua Direita às 7.30 H da manhã. Seus pais eram um casal de pescadores de reconhecida pobreza. De pequeno manifestou inclinação para a vida eclesiástica, mas a falta de recursos da família e a morte prematura do pai, dificultaram-lhe essa intenção. Foi então que o ilustre ilhavense Dr. Manuel da Rocha Couto, deputado pelo círculo de Aveiro, o apresentou ao então Bispo de Aveiro, D. Manuel Pacheco de Resende, ficando sobre a sua protecção. Foi deputado pelo círculo de Aveiro, antes de ser elevado ao Episcopado, em 31-01-1853. Foi pároco na Oliveirinha e em Ílhavo e, por duas vezes, vigário geral da Diocese de Aveiro. Em Março de 1837 falecia o bispo de Aveiro e o Arcebispo Pereira Bilhano sofreu com esse acontecimento profunda depressão moral, tendo pedido exoneração de todos os cargos que desempenhava, tendo-se retirado para a sua modesta casa de Ílhavo, dedicando-se com a colaboração do padre Fernando Eduardo Pereira, ao ensino de Francês, Latim e Latinidade, História, Geografia, Lógica e Retórica, trabalho que exercia de forma gratuita. Como nessa altura havia poucos estabelecimentos de ensino secundário, Ílhavo tornou-se um grande centro de instrução e de cultura, graças à acção do Arcebispo. Em 1919 foi dado o seu nome à rua onde nasceu e inaugurada uma lápide naquela que foi a sua casa (hoje sede do Illiabum Clube). Foi também nesta data publicado um número único especial "Glórias de Ílhavo", exaltando a sua figura. Na época, o Arcebispo rodeava-se dum grupo de personalidades, a que chamavam a corte do Arcebispo, e que era constituído pelo Padre Dr.º Francisco de Paula Ferreira Félix (catedrático), Padre José Maria Regala, Padre José Cândido Gomes, Padre José Simões Chuvas, João Carlos Gomes (farmacêutico), José Gilberto Ferreira Félix (capitão de milícias e presidente da câmara), Luís dos Santos Regala, Pedro da Rocha Calixto (tabelião), Francisco Maria Regala (escrivão de direito), Manuel Tavares (engenheiro), António Eliseu de Almeida Ferraz (advogado), Manuel Maria Ferreira (secretário da câmara), Dionízio Cândido Gomes (recebedor do concelho e presidente da câmara), e António Cândido Gomes (comerciante). O seu funeral realizou-se apenas três dias depois do falecimento, tendo assistido o Bispo Conde de Coimbra, seu discípulo, cabido da diocese de Évora, governador do distrito de Aveiro e muitas outras individualidades. Quando faleceu, não tinha dinheiro para as despesas do funeral, tendo estas sido suportadas pelo Cabido. Uma força do Regimento de Cavalaria de Aveiro prestou as devidas honras, dando no cemitério, as descargas de fogo usuais para estes casos.