Maria da Nazaré Cruz

Maria da Nazaré Cruz, professora, nasceu em Ílhavo, em 28 de Outubro de 1890 e faleceu, depois de grande sofrimento, em 8 de Fevereiro de 1946, com 55 anos. Filha de João da Cruz Branco e de Joana Graça da Cruz, nunca casou, nem teve filhos, embora o seu enlevo fossem as crianças. E tal foi provado pela profissão que escolheu. Por esta senhora de excelsas virtudes e grande professora, passaram pelas mãos, gerações e gerações de alunas, que a adoravam e perderam para sempre. Ficou de luto a nossa terra e, de luto, a escola portuguesa – o seu funeral assim o provou. Depois de tirar o Curso do Magistério na antiga Escola Normal de Aveiro, dedicou-se ao ensino particular, estando alguns anos em Ovar e, de seguida, em Santo Tirso. Ingressando no quadro do Professorado Primário, leccionara na Escola de Vale de Ílhavo e, mais tarde, fora transferida para a Escola Feminina, nº 2 desta «vila», de que fora Directora. Promotora de festas, iniciadora de empreendimentos, o seu grupo de crianças cooperava em tudo o que era preciso para angariar receitas para as nossas casas de beneficência. Com um grupo de companheiras, deu vida ao culto da Nossa Senhora do Rosário, que estava um pouco esquecido. Sempre impecável no seu procedimento e austera em seu viver, era, contudo, encantadora de simplicidade e grandeza de alma. Nada se fazia nesta terra em que tivesse de entrar o sussurro das senhoras, que não fosse ouvido o parecer de Nazaré Cruz. Nas récitas infantis que tanto nome deram a Ílhavo, especialmente na embaixada da Nossa Escola, que, em tantos palcos do país se exibiu, foi a ela que se deveu uma grande parte do triunfo alcançado, o que lhe mereceu um louvor do Ministério da Educação Nacional. O seu funeral falou bem alto da estima, que por ela tinham – crianças, senhoras, colegas, restantes professores do concelho, Director Escolar – todos estiveram presentes. Depois de ofício de corpo presente, na Igreja Matriz, junto à sua sepultura, falaram os professores srs. José Duarte Simão, José Pereira Teles e João Marques Ramalheira.
(Texto de Dr.ª Ana Maria Lopes, adaptado de o jornal «O Ilhavense» de 10 de Fevereiro de 1946).