João Carlos Gomes

João Carlos Gomes, filho de Manuel José Gomes e de Vitória Umbelina de Oliveira Vidal, nasceu em Ílhavo, em 15 de Outubro de 1836. No dizer de Marques Gomes, era um espírito lúcido e inteligência culta. Depois do exame de instrução primária em 6.7.1844, estudou os restantes preparatórios para os cursos superiores, com as melhores classificações. Matriculou-se em Farmácia, na Academia Politécnica (1855), onde fez o acto de Química em 1856; de Botânica, no mesmo ano; e de Agricultura, em 1857. Formou-se em Farmácia em 1859. Pertenceu à família dos Gomes, família, que teve grandes tradições farmacêuticas, em Ílhavo, sendo conhecida pelos Boticos. Chefe do Partido Progressista na vida política, tornou-se um verdadeiro sustentáculo desta força política, no distrito de Aveiro, tendo sido perseguido pelo grupo político da Vista Alegre, quando esta e o poder que representava se pretendiam impor a Ílhavo. Pelo amor que consagrava ao seu torrão natal, estabeleceu-se nesta terra, onde sempre viveu, sendo conhecido como o Pai dos Pobres. Foi eleito vereador em 1863, e, logo em Fevereiro do mesmo ano, Administrador do Concelho, cargo que exerceu até1865, voltando a ocupar o mesmo posto em 1871 e 1877. Representou o concelho na Junta Geral do Distrito. Homem de uma grandeza cívica impoluta, teve uma vida acidentada na história social e política concelhia. Era um carácter bom, solidário, sempre disponível para ajudar os seus conterrâneos. Homem culto, foi um dos primeiros estudiosos do passado desta terra, dos forais e dos títulos de doações. João Carlos Gomes, em sociedade com António Cândido Gomes, Dionísio Cândido Gomes, Padre Francisco Ernesto da Costa Senos, José de Oliveira Craveiro, José António de Magalhães, Francisco Ernesto da Rocha, Bernardo dos Santos Camarão e Luís Augusto Regala, fundaram um novo teatro no Largo do Oitão (antiga drogaria dos Vizinhos), depois das obras de adaptação desta casa, que era pertença da Baronesa de Alqueidão. A inauguração foi a 6 de Fevereiro de 1876, com as comédias O Camões do Rocio e Um Marido Que É Vítima Das Modas, tendo assistido o poeta Ilhavense, Alexandre da Conceição. Eram ensaiadores, além de João Carlos Gomes, Padre Augusto Cardoso Figueira e Manuel Eduardo Pereira, que também pintou, com Gabriel Pereira da Bela, os cenários e o pano-de-boca (Egas Moniz entregando-se ao Rei de Castela). Pela sua intransigência política, teve de homiziar-se para fugir à perseguição dos seus adversários, vindo a contrair tuberculose, doença de veio a falecer, em 14 de Novembro de 1886. O seu funeral foi o mais imponente que até ali se tinha visto.
(Texto adaptado de «Ílhavo – Ensaio Monográfico – Séc. X ao Séc. XX», 2007, de Senos da Fonseca).