Elmano Francisco da Rocha

Elmano Francisco da Rocha nasceu em Ílhavo, na Rua de Espinheiro, em 25 de Maio de 1873, filho de Paulo Francisco da Rocha, marítimo e de Maria Joaquina da Graça, doméstica. Em 1891, embarcou em Lisboa no vapor brasileiro «Aguamaré», em 1892, no lugre português «Nova União» e, deste para a galera portuguesa «América», tendo voltado, n o início de 1893, para o vapor «Aguamaré». Em Julho do mesmo ano prestou exame de piloto na Escola Naval do Rio de Janeiro, sendo aprovado com distinção – e ocupou o lugar de piloto no «Aguamaré». Quando da revolta da esquadra brasileira contra o governo de Floriano Peixoto (1894), já como imediato do mesmo vapor, prestou serviços ao governo legal, auxiliando a descarga de 4 pequenos torpedeiros vindos para Pernambuco num grande vapor americano. Foi elogiado pelo Comandante Abreu. Em Setembro de 1894, em Porto Alegre, ocupou o cargo de capitão do lugre «Zequinha», com apenas 21 anos. Em Novembro de 1896, casou-se com Thereza Ribeiro Couto, de cujo matrimónio nasceram seis filhos. Passou por vários navios, tendo naufragado no patacho «Tamborim», em Agosto de 1902, sendo salvo, bem como toda a tripulação. Em Dezembro de 1902, embarcou no patacho «Diva», como capitão, até 1904, altura em que se associou a outros amigos e compraram o lugre «Pelotas», de que passou a ser o capitão, até 1907. Desembarcou por motivos de saúde e, embora sócio do navio, não entrou noutros veleiros. Assumiu o comando do vapor «Maroim» em Março de 1908, o mesmo em que tinha embarcado com o nome de «Aguamaré». Em 1909, obteve a carta de capitão de longo curso, da Escola Naval do Brasil. Foi passando por outros navios, até que assumiu, em 1918, o comando do paquete «Bagé», então a melhor unidade brasileira e, nele seguiu para França, ao serviço dos Aliados, regressando ao Brasil em 1921. Revelou-se um excelente marinheiro, ousado e destemido. O governo francês condecorou-o com as Palmas de Oficial da Instrução Pública e o Brasil entregou-lhe a medalha militar. De volta ao Brasil, foi repousar com os filhos, pois a esposa falecera em 1919. Em Setembro de 1922, ingressou no Lloyd Brasileiro como comandante do paquete «Presidente Moraes», até que deixou aquela companhia para comandar o vapor «Campinas» da Lloyd Nacional, até Dezembro de 1925.
Em Dezembro de 1926, foi distinguido com o cargo de Inspector da Lloyd Nacional, no porto de Santos. Em Maio de 1930, por questões de saúde, veio a Portugal, tendo contraído matrimónio em 1931, com Maria Borges de Almeida, de Ílhavo, e aqui fixou residência. Em 1937, voltou ao Brasil e comandou o último navio, o «Olinda», durante cerca de seis meses. Reformado, volta para Portugal, em 1938. Já com 72 anos, em 1945, foi pela última vez ao Brasil, que foi a sua segunda pátria, tendo regressado, definitivamente, pouco depois. Faleceu na sua casa da rua Dr. Samuel Maia, em Ílhavo, em 4 de Abril de 1948, com 74 anos, deixando viúva, Maria Borges de Almeida. Era pai de Carlos Elmano da Rocha.
(Texto de Dr.ª Ana Maria Lopes)