Reinaldo José Gomes Topete

Reinaldo José Gomes Topete, nascido em Ílhavo era filho de Reinaldo Baptista Topete e de Maria Simioa Gomes de Pinho. Tendo feito os estudos normais, em Ílhavo e Aveiro, Reinaldo Topete formou-se em História na Faculdade de Letras na Universidade de Coimbra. Foi uma das primeiras pessoas, a ir para a guerra do Ultramar, o que psicológica e fisicamente, não fez bem a ninguém. Mas, culto, inteligente, voluntarioso, leitor compulsivo, notava-se que tinha necessidade de ocupar o seu tempo sobrante em algo mais do que à sua carreira docente. Em meados dos anos 80, depois da transferência conturbada do nosso Museu Municipal da Rua Serpa Pinto para o edifício próprio na Avenida Rocha Madahil, deu uma grande ajuda na selecção de livros, escolha temática, organização e catalogação da Biblioteca/Arquivo do mesmo Museu. E em meados de 1990, começámo-nos a encontrar com alguma frequência e dei-lhe a conhecer a primeira exposição com que pretendia começar a dinamizar o museu, “Retrospectiva João Carlos”, inaugurada 20 de Abril de 1991. Um dia por semana colaborava comigo, sobretudo no pequeno, mas fiel catálogo com o mesmo nome. Incentivava-me, entusiasmava-me, mais do que eu já estava, acelerava-me, “picava-me”, deixava-me lembretes na caixa do correio, já que éramos vizinhos. Enfim, um desafio!... Levou-me a retomar uma informação dos inícios do lançamento do Museu, no jornal “O Ilhavense”, intitulada, PELO MUSEU. Enquanto decorria a primeira dinamização, já estava no terreno, aquela que seria o sonho de uma equipa entusiasta – “Faina Maior – pesca do bacalhau à linha”. E a terça feira era o dia de pesquisa no exterior, a que o Reinaldo não faltava, depois das aulas ou todo o dia, se, em férias escolares.Parece que estou a ver o Reinaldo, na Parceria Geral de Pescarias, entre o capitão Francisco Marques e a Marta Vilarinho, magro, esbelto, pendurado sempre no seu cigarro, a trepar a mais uma prateleira, em busca de mais “uma forma, uma zagaia, uma singa, um saco de lona, uma dala, umas botas de cabedal, um garfinho de samos, uma baila”, etc. Com o aproximar do tempo, a equipa reunia com frequência, à noite, no Museu, quando o Reinaldo me dizia: – “quando vir a Faina Maior, em todos os seus sectores, virtualmente projectada, nunca mais aqui ponho os pés”. Se o anunciava, assim o cumpriu. Ílhavo deve-lhe este entusiasmo, não muito duradouro, mas muito intenso. Num sábado à tarde, de Novembro, dia 28, de 1992, o Museu abria as suas portas ao público que se reviu na Faina Maior. O Reinaldo, já depois de castigado por algumas maleitas, deixou-nos a 9 de Janeiro de 2020, com 82 anos de idade.
(Texto de Dr.ª Ana Maria Lopes)