Elias Gonçalves de Mello

Nasceu em Ílhavo, Alqueidão em 28-07-1886, baptizado pelo ainda Prior José António Pereira Bilhano, neto paterno de Francisco Gonçalves de Mello e Maria da Silva e materno de António da Rocha Trolaró e Ana Gonçalves, sendo padrinhos João dos Santos Marcellos, carpinteiro, tio paterno e Maria da Silva, viúva e avó paterna. Do casamento na Igreja Matriz de Ílhavo, em 18-04-1892, com Maria Júlia Rodrigues do Sacramento (irmã da avó do Dr.º Mário Emílio de Morais Sacramento), filha de José Rodrigues do Sacramento e Libânia Rosa Pereira de Azevedo, nasceu o único filho, Mário Sacramento e Mello, casado com Marília Ferreira Pinto Basto e Mello, que faleceu muito novo, com apenas 30 anos de idade. Elias Gonçalves de Mello era uma pessoa muito conhecida em Ílhavo! Foi correspondente do Banco de Portugal, tinha uma casa de penhores e chegou a ser tesoureiro da Câmara Municipal. A sua casa e também escritório, era na Rua de Santo António, onde mais tarde surgiu a pastelaria Sopanilde e actualmente o Centro China. As traseiras iam até à antiga casa de ensaios da Filarmónica Ilhavense (Música Velha), antigo Beco da Cadeia. Esta casa também pertencia a Elias de Mello, mais tarde adquirida pelo Dr.º Eduardo Craveiro e hoje já demolida, bem como outras pequenas casas de arrendamento. Era uma pessoa muito discreta, educado, elegante, fazendo uma vida bastante recatada. Amigo dos pobres, todas as 2ªs feiras distribuía, na sua casa, 20 centavos a cada um, que faziam bicha na rua. Geralmente o seu jantar, sempre às 19 H, constava de um ovo cozido e quatro pratinhos de diversos frutos secos. Sendo regrado, era ele que todos os dias, pelas 11 H da manhã, dava o milho às muitas galinhas que possuía! Comprava todos os dias o Jornal O Século, na casa da D. Alzira na Praça da República, tarefa feita pela D. Maria Helena Gateira, que o conheceu muito bem. Por este trabalho, recebia 20 centavos , ou em alternativa, um Paupério! No pátio da sua casa, tinha uma pequena fábrica de tijolos, com um forno comprido, onde trabalhava o Sr.º Paulo Gateira. Também se dedicava ao fabrico de giz, para os tacos de bilhar. Os tijolos, marcados com o seu nome, eram praticamente todos vendidos para Lisboa. No entanto, também se faziam uns tijolos mais pequenos, de côr amarelo forte, na altura utilizados para a lavar a louça. Tendo fama de ser pessoa abastada, pouco tempo antes da morte, optou por chamar os seus credores, verificando, entretanto, que para liquidar os seus débitos, teria que vender todas as suas propriedades, o que veio a acontecer num Domingo às 15 H, através duma hasta pública realizada no pátio da sua casa.